Fortalecer os serviços de Assistência Social em Paragominas. Esse é o objetivo do Projeto Viver Cidadania, realizado pela Hydro, em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SEMDES) do município. A iniciativa oferece formação aos técnicos da secretaria, por meio de oficinas voltadas ao planejamento e à qualificação do atendimento nos Serviços de Proteção Social Básica de Especial (CRAS e CREAS). Isso inclui capacitações ligadas a direitos humanos, além da produção de cadernos de atividades socioeducativas sobre temas como convivência familiar e comunitária, erradicação do trabalho infantil e valorização da mulher e empoderamento feminino. Os conteúdos são adequados por faixa etária e aplicados em atividades com mais de mil crianças, adolescentes e idosos, atendidos pelo Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) ofertado pela SEMDES em Paragominas.

Em 2022, o projeto realizou 30 oficinas, com 96 horas de formação, e participação de 80 servidores. Também foram disponibilizados três cadernos temáticos e uma cartilha. Nas formações oferecidas aos servidores são desenvolvidas desde habilidades para trabalhar técnicas de ritmo, arte e movimento, até a abordagem de temas desafiadores, como depressão e suicídio, diversidade sexual, étnico racial e religiosa, autismo e outras questões presentes no dia a dia dos Serviços de Assistência Social.

Além disso, desde a fase de diagnóstico do Projeto Viver Cidadania, em 2019, foi identificado o potencial para o desenvolvimento de ações estruturadas de leitura literária integradas a atividades socioeducativas oferecidas nos espaços de Proteção Social Básica e Especial. Desde então, o Projeto tem oferecido formação continuada sobre o tema Leitura e História de Vida, qualificando equipes de profissionais da SEMDES para desenvolver atividades de mediação de leitura para diversas faixas etárias, incluindo o público idoso.

Uma das técnicas que participa do projeto é a pedagoga Andressa Menezes, coordenadora do CRAS Camboatã, um bairro de Paragominas. “O Viver Cidadania nos proporcionou executar este trabalho e inserir os jovens no Clube da Leitura, que foi muito bem recebido por todos. Eu estou desde 2021 no Viver Cidadania, primeiro como orientadora social e depois como técnica de referência. Hoje atuo como coordenadora de um espaço de Assistência Social e ver a evolução na leitura desses jovens e o interesse contínuo deles é um privilégio profissional”, conta.

O Viver Cidadania disponibilizou também um acervo com cerca de 200 títulos de literatura infanto-juvenil, selecionados com a curadoria do especialista Reni Adriano. “Ao longo desse percurso, em diálogos com técnicos e usuários, identificamos potencial para práticas regulares de leitura literária em todos os espaços, com apoio de grupos de jovens mediadores de leitura, que participam do SCFV”, destaca Milene Maués, gerente de projetos da Hydro.

O objetivo do Clube da Leitura é estimular práticas de atividades socioeducativas por meio de obras literárias nos programas e serviços da Proteção Básica e Especial com apoio de jovens mediadores de leitura usuários do SCFV. A ação de Formação de Leitura Literária com adolescentes atendidos nos espaços da SEMDES teve início em julho de 2022 como um projeto piloto para 50 adolescentes. Já foi implantada com sucesso nos espaços (CRAS Camboatã, CRAS Jaderlândia, Núcleo do CRAS Nagibão, Núcleo Morada do Sol, CREAS, Abrigo de Crianças e Adolescentes) e está em fase de avaliação a realização de mais um ciclo para um novo grupo de jovens em 2023.

“A leitura literária tem se mostrado uma poderosa ferramenta para construção da identidade destes jovens e ampliação da capacidade de falar do mundo e de si mesmo. Proporcionamos a descoberta da potência da própria voz, como uma forma de ocupar um lugar no mundo e as reflexões, mediadas pela leitura”, conta Milene.

Uma dessas jovens é a Keliane Chaves, de 16 anos. Seu interesse pela leitura motivou a entrada no projeto. Ela trabalha meio período e estuda no contraturno. Da família de sete pessoas, é a que teve mais oportunidades de estudo. “Pretendo levar este aprendizado para a vida e percebo que meu convívio e minha forma de expressar o que penso e sinto melhorou muito depois da participação no projeto, consigo ter uma riqueza gramatical melhor, e isso não tem preço. Estou muito feliz”.