A parceria entre a academia e a indústria é importante em vários sentidos, principalmente para viabilizar o desenvolvimento de novos projetos em âmbito nacional e internacional, mas ainda há uma longa jornada a ser percorrida. Mesmo sendo a 9a. maior economia do mundo, o país ocupa o 62o. lugar no ranking do Índice Global de Inovação (IGI), segundo dados da Organização Mundial da Propriedade Intelectual.
Quando se pensa em cultura da inovação, não se pode deixar de envolver a sociedade, as empresas e o meio acadêmico. Cada um deles define anseios e promove descobertas por recursos que melhoram a vida das pessoas, trazendo mais prosperidade a todos.
Contribuindo para a ampliação dessas parcerias, principalmente no Pará, onde possui a maior parte de suas operações no Brasil, a Hydro e a Albras renovaram por mais cinco anos o Convênio de Cooperação Técnica e Científica com a Universidade Federal do Pará (UFPA) como parte da estratégia de sustentabilidade da Hydro.
A parceria, que já dura cinco anos, realizou diversas pesquisas na Universidade, nos campos de economia circular, descarbonização, mudanças climáticas, meio ambiente, saúde e formação de pessoas, com investimentos totais de cerca de R$ 15 milhões.
Em 2020, a companhia anunciou duas pesquisas que estão em andamento, sendo a produção de cimento e de agregado sintético, ambas com o resíduo oriundo do refino da bauxita gerado na Alunorte. Sobre a produção de cimento de baixo carbono a partir do resíduo de bauxita, a companhia busca utilizar parte deste resíduo para a geração de novos produtos até 2030, o equivalente a aproximadamente 500 mil toneladas de resíduo de bauxita ao ano.
O outro projeto é focado na produção de agregado sintético, um tipo de material que é usado para produção de concreto na construção civil. Assim, seria possível reduzir o uso de recursos naturais e ainda dar uma nova destinação ao resíduo de bauxita.
Por meio destes projetos, a companhia está desenvolvendo soluções tecnológicas sustentáveis para os produtores locais de cimento de modo a reduzir não somente o seu custo de produção, mas principalmente o seu impacto ambiental com a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa e a preservação de recursos naturais.
Em 2021, foi anunciada outra pesquisa, que estuda a viabilidade do uso do rejeito do minério da mina de bauxita da Hydro, em Paragominas (PA), para a produção de telhas, tijolos, materiais refratários, cimento de baixo carbono e até um plástico biodegradável. O rejeito que está sendo estudado na pesquisa é resultado do beneficiamento da bauxita, sem qualquer aditivo químico.
Em fase de estudo a possibilidade da produção de biocompositos que são ambientalmente sustentáveis a partir do rejeito da bauxita e da mandioca, o que viabilizaria a produção de plásticos biodegradáveis a partir de dois produtos em abundância no Pará. A quarta linha da pesquisa envolve o desenvolvimento de materiais refratários de alta qualidade para uso, por exemplo, na indústria aeroespacial. Espera-se encontrar produtos que sejam mais econômicos, com menor consumo de energia e menor impacto ambiental.
Na área de energia, foi anunciada uma pesquisa sobre o uso de placas solares na mina de bauxita em Paragominas (PA). A universidade já realiza testes com um sistema fotovoltaico flutuante no reservatório de água da Mineração Paragominas. Em um cenário em que a busca por fontes de energia renovável tem sido fator decisivo para operações mais limpas e sustentáveis, a Hydro dá um importante passo neste sentido. Um dos objetivos principais é possibilitar a redução da evaporação da água dos reservatórios da planta, além de oferecer uma nova fonte de energia capaz de atender parte do consumo próprio da mina.
Hydro e UFPA estão realizando ainda estudos meteorológicos, na mina de bauxita em Paragominas, que irão aperfeiçoar a gestão dos recursos hídricos da unidade. O projeto irá contribuir para a empresa conhecer a sazonalidade das chuvas e o impacto de fenômenos globais; ter prognósticos diários, mensais e anuais do volume pluviométrico e conhecer a probabilidade de ocorrência de seca severa nos próximos anos. O estudo tem o objetivo de tornar ainda mais eficiente o reaproveitamento de água da chuva na unidade.
Uso do açaí
A Hydro também está investindo para uso nas caldeiras da Alunorte de uma energia renovável com ampla oferta no Pará: o caroço do açaí. Em parceria com a Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Pará (UFPA) e investimento de cerca de R$ 500 mil, a pesquisa analisa os requisitos técnicos e logísticos para uso do caroço em escala industrial, além de estudar o aspecto social e ambiental do uso do caroço do açaí como um combustível renovável.
Na área acadêmica, a parceria da Hydro com a UFPA formou, em 2022, a primeira turma de pós-graduados em engenharia geotécnica. O Curso de Especialização em Engenharia Geotécnica é voltado para a área de engenharia geotécnica e visa o desenvolvimento e qualificação de profissionais do Pará. Essa é a primeira vez que a UFPA realiza um curso de pós-graduação juntamente com uma empresa da cadeia do alumínio.
Na conclusão desta primeira turma, iniciada em maio de 2021, 16 alunos apresentaram suas monografias durante os dois dias, com temas de pesquisas nas áreas de monitoramento de estruturas de armazenamento de rejeitos, análise de risco, melhorias nos processos operacionais e de gestão de disposição de rejeitos, métodos geofísicos aplicados a mineração, controle de qualidade de barragens de rejeitos, reologia de rejeitos de mineração, entre outros.
Também foram doados equipamentos como tablets e notebooks, para apoiar a melhoria da educação na região. Além de Belém, foram selecionados alunos de Abaetetuba, Altamira, Bragança, Breves, Ananindeua, Cametá, Capanema, Castanhal, Salinópolis, Soure e Tucuruí, entre outros. Foram doados também equipamentos para os laboratórios da universidade com o objetivo de fomentar ainda mais as pesquisas acadêmicas da instituição.
Sobre o Convênio
A Hydro assinou em 2019 o convênio de cooperação técnica e científica com a Universidade Federal do Pará (UFPA). Os projetos que integram o convênio para a realização de diversas linhas de pesquisa também possibilitam consolidar o desenvolvimento do estado. São iniciativas nas áreas de utilização de resíduos e rejeitos, meteorologia e na produção de energia solar. Este investimento em pesquisas faz parte da estratégia de sustentabilidade da Hydro.
A Hydro e a UFPA já são parceiras desde 2013 no Consórcio de Pesquisa em Biodiversidade Brasil-Noruega (BRC), em Paragominas, que também é integrado pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), a Universidade de Oslo e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). O Consórcio busca alcançar o nível mais alto de desenvolvimento em reabilitação ecológica e ambiental, a partir da ciência, além de fomentar a educação e pesquisa com o envolvimento de cerca de 100 profissionais.
Publicado: 17 de julho de 2024