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Uma rica história contada pelo olhar de quem a viveu, exaltando a tradição, a cultura e a vida do povo de Barcarena. Esse é o objetivo do projeto Memórias de Barcarena, uma iniciativa das empresas Hydro e a Albras e do Fundo de Sustentabilidade Hydro (FSH). E para contar essas histórias, foram lançados, no último dia 29 de novembro, em Barcarena, o livro, o documentário e a exposição digital.

O livro será distribuído, gratuitamente, em escolas, bibliotecas e centros comunitários da região. O documentário está disponível no link https://l1nk.dev/c4WI0  e a exposição digital pode ser conferida em https://www.memoriasdebarcarena.com.br/.

Executado pelo Museu da Pessoa e com apoio da IBS (Iniciativa Barcarena Sustentável), o projeto celebra a diversidade da sociedade barcarenense e resgata lembranças de antigos moradores, desde descendentes dos fundadores, indígenas, quilombolas e ribeirinhos, agregando perspectivas da comunidade à narrativa do município e mostrando a riqueza da identidade desse povo e suas nuances.

No livro, 15 pessoas, todas moradoras do município, narram desde os mistérios eternos da Amazônia até a evolução concreta da economia local, retratando a Barcarena atual como uma mistura entre o moderno e o arcaico, o industrial e o artesanal, entre o indígena, o negro e o branco.

“Buscamos representar a cidade de Barcarena a partir da experiência de seus próprios habitantes. Selecionamos 15 personagens, de diversos setores da comunidade local. Foram mais de 30 horas de gravação e assim organizamos os livros em nove barcas, com temáticas diferentes, desde a evolução cronológica da cidade até as explicações do porquê Barcarena hoje ser um município tão plural e diverso”, explica Eduardo Valente, diretor de gestão e operação do Museu da Pessoa.

“Esse projeto teve um longo percurso, iniciado em 2019, mas paramos um período por conta da pandemia. Ver agora ele sendo colocado em prática por todos é motivo de celebração. A Hydro e a Albras fazem parte desta história, pois estamos há mais de 30 anos aqui no território e esse legado, do povo, ficará para todas as gerações conhecerem”, conta Milene Maués, gerente de parcerias do FSH.

Uma dessas histórias é a de Antonio Palheta dos Santos, eletricista e representante da comunidade católica de Vila do Conde, onde nasceu no ano de 1957. Até hoje é um dos principais organizadores das festividades religiosas da Vila, entre elas os Círios de São Francisco Xavier e São João Batista, os mais importantes da região.

“Eu ouvi muita história. Não tinha televisão, não tinha rádio, não tinha celular. Qual era o nosso passatempo? Nossos pais, as pessoas mais idosas se reuniam e vinham as lendas. Minha mãe contava que onde a gente morava tinha uma encruzilhada que ninguém podia passar de meia-noite em diante, porque sempre aparecia uma coisa que assombrava as pessoas. Chamavam de ‘visagem’. Ela via essas coisas no mato”, conta Antonio.

Com o trabalho minucioso do Museu da Pessoa, tornou-se possível a catalogação dessas memórias, que contam uma história instigante, repleta de coragem e vivacidade, uma homenagem ao barcarenense.

“Minha avó contava que aqui, nesse terreno (onde hoje fica situado o Cabana Clube em Barcarena), aconteciam muitos enforcamentos. Aqui tinha uma samaumeira e era nela que eles amarravam a corda. Quem sabe a gente não está em cima de alguma cova de algum soldado que lutou na Cabanagem? Os trabalhadores até têm medo de ficar aqui sozinhos, porque veem muita visagem. Eles contam que ouvem cadeiras sendo arrastadas e que veem muita alma, vultos brancos, gente caminhando. Na hora que vão prestar atenção, não é ninguém, a pessoa desaparece”, relata Mário Assunção do Espírito Santo, de 48 anos, natural do quilombo Gibrié de São Lourenço, um dos maiores de Barcarena, em terra registrada desde 1709. Mário é pedagogo e um dos líderes populares da preservação e respeito às comunidades indígenas e afrodescendentes de Barcarena, lutando pela conservação do meio ambiente e pelo reconhecimento da posse de terras tradicionais.

“Por muito tempo Barcarena só tinha uns vilarejos pequenos, umas poucas famílias que moravam no Conde, Itupanema, São Francisco. Eram esses os centros. Lá no Conde, ali no São Lourenço, deveríamos ser umas quinze famílias. Mas com a chegada dos projetos tudo mudou. Vieram pessoas de vários locais. Foi um período bom de emprego. Eu mesmo trabalhei como pedreiro, e consegui dar um estudo aos meus filhos”, conta Valter dos Santos Freitas, mais conhecido como Mestre D’Bubuia, nascido no quilombo Gibrié de São Lourenço, nas margens dos rios de Barcarena. Desde criança é pescador e, nos anos 1990, resolveu traduzir sua vivência amazônica e quilombola nas cordas do banjo: tornou-se mestre do carimbó, e prepara seu primeiro disco.

Outro personagem famoso do livro é Ronny Nascimento, um dos filhos da Ilha das Onças, em Barcarena, e discípulo do mestre da guitarrada, Vieira. Depois de ser jogador de futebol, virou artista de renome, lançando seis vinis e cinco CD’s desde os anos 1980. É compositor de um dos símbolos de sua cidade, o “Samba de Barcarena”. “Todos estão encantados com o projeto e nos sentindo valorizados, e mais ainda, valorizada nossa querida Barcarena”, relata emocionado Ronny.

SERVIÇO:

Projeto Memórias de Barcarena

Documentário: https://l1nk.dev/c4WI0

Exposição digital: https://www.memoriasdebarcarena.com.br/

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