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Com os constantes debates sobre sustentabilidade e preservação, tão em voga atualmente com o termo ESG, que reúne as políticas de meio ambiente, responsabilidade social e governança, e a COP27, é natural que o interesse pela Amazônia se acentue. E é a partir do pequeno agricultor, das comunidades que vivenciam a Amazônia e do que ela representa que a conscientização deve ser promovida.

Visando apoiar estas comunidades na importância de adotar práticas sustentáveis e de manter a floresta em pé, a Hydro e a Albras desenvolvem vários projetos nas regiões em que atuam. Um deles, realizado em parceria com o Instituto Peabiru, é o Programa Ativa Barcarena que, desde 2018, já atendeu mais de 300 produtores rurais com o objetivo de valorizar a agricultura familiar e a produção sustentável de alimentos no município.

“A agroecologia é a base metodológica do Ativa Barcarena, que valoriza os saberes e experiências dos agricultores, proporcionando o desenvolvimento de agroecossistemas sustentáveis. Também é importante para a biodiversidade, uma vez que proporciona a conservação do meio ambiente como um todo, a qualidade dos alimentos, a sustentabilidade e valorização social do produtor”, explica Milene Maués, gerente de Projetos de Desenvolvimento Socioeconômico da Hydro.

Entre 2021 e 2022, foram instaladas 24 Unidades Demonstrativas de Preparação de Bioinsumos (UD), que são gerenciadas coletivamente pelos produtores e estão localizadas em sete comunidades rurais de Barcarena. As unidades são locais que reúnem a estrutura necessária para produção de insumos como biofertilizantes, água de vidro, calda bordalesa e outras ferramentas agroecológicas contra pragas e doenças das plantações.

A equipe do Ativa Barcarena ensina a estruturar e manter as unidades demonstrativas para a produção e aplicação dos bioinsumos. Horários, modos de diluição, aplicação e cuidados durante o uso foram alguns dos temas apresentados para os participantes nas oficinas.

A utilização de ferramentas agroecológicas ajuda não apenas os agricultores, mas também o meio ambiente e a sustentabilidade. Rosemiro Rodrigues, agrônomo do projeto Ativa Barcarena, destaca a importância das práticas agroecológicas. “Os produtores conseguem perceber que, utilizando a agroecologia, eles evitam degradar o meio ambiente e passam a pensar mais na sustentabilidade, na saúde do solo, das plantas e na saúde do ser humano que vai consumir os seus produtos. A ideia é que tenhamos produtos de qualidade”.

Além disso, os grupos de agricultores coletam as matérias-primas necessárias para a produção de novos lotes dos bioinsumos na própria comunidade, entre soro de leite, esterco de gado fresco, garapa de cana (caldo de cana) e cinzas limpa, que pode vir da queima do carvão nas casas de farinhas. “Todos esses insumos são misturados dentro de um tambor de 200 litros e ficam em processo de fermentação por aproximadamente 30 dias, gerando 2 mil litros de biofertilizante. Diluído em água oferece todos os nutrientes necessários para a planta, e o mais importante, sem agredir o meio ambiente e com custo significativamente reduzido”, explica Rosemiro Rodrigues.

Uma das Unidades Demonstrativas é gerenciada pela Associação dos Produtores Parque dos Aracuans do Cafezal - APAC, presidida por Raimundo Marques Oliveira Reis, mais conhecido como ‘seu Zaca’, agricultor familiar, natural da comunidade do Cafezal, em Barcarena. Participam do grupo gestor 10 famílias que se dividem nas ações necessárias para manter a produção das ferramentas agroecológicas.  A APAC já possui histórico social na região, com projetos voltados a crianças, adolescente e mulheres, valoriza a discussão de gênero e hoje possui 70 associados diretos da organização, com comercialização de diversos produtos, entre plantas ornamentais, frutíferas e hortaliças.

“Todo esse apoio tem mudado nossa vida, nosso entendimento de mundo. Por exemplo, hoje priorizamos a educação das nossas famílias, minha esposa é pedagoga, minhas filhas têm mais de uma formação, enfim, a Hydro e o Peabiru têm sido muito parceiros, trabalhando também a importância da agroecologia e a noção de preservação, que não tínhamos antes, nos ajudando a entender que a monocultura não é viável, que precisamos cultivar vários tipos de produtos. Aprendemos também a contabilizar o que produzimos e gerar renda a partir de todos os sistemas produtivos que temos. Hoje, não gasto mais com adubo. Só o biofertilizante que produzimos é suficiente para melhorar o nosso produto e trazer um rendimento muito bom, pois contribui para um amadurecimento mais rápido do fruto”, relata ‘seu Zaca’.

Ações do Ativa Barcarena

Em setembro de 2020, foram selecionados 91 agricultores familiares, moradores de 34 comunidades, incluindo a região de ilhas. Em 2021, foram desenvolvidos 91 Planos de Desenvolvimento das Unidades Produtivas a partir dos desafios enfrentados pelas famílias beneficiárias, foram realizadas 203 visitas técnicas às famílias produtoras e 17 oficinas sobre fabricação, diluição e aplicação dos bioinsumos. Em 2022, foram realizadas 343 visitas técnicas aos beneficiários do projeto, que também foram convidados a oportunidade participar de cursos sobre saúde do solo e oficinas para a trocar saberes e aprender métodos agrícolas.

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