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Tecnologia recente e efetiva na área de inventários biológicos, o mapeamento de biodiversidade por meio do DNA Ambiental (também conhecido como e-DNA) já chegou às terras paraenses por meio do Consórcio de Pesquisa em Biodiversidade Brasil-Noruega (BRC na sigla em inglês), em pesquisa realizada no município de Paragominas.

Liderados pelo professor doutor Jonathan Ready, a equipe vem realizando campanhas de captação de amostras de solo, água e sedimentos no município de Paragominas, mas especificamente na região da mina de bauxita da Hydro, que já existe há 15 anos. A empresa conduz uma reabilitação das áreas mineradas utilizando  os métodos de plantio tradicional, regeneração natural e nucleação. 

Desde 2009, mais de 2.600 hectares já foram reflorestados na região da mina. Em 2021 foram reabilitados um total de cerca de 290 hectares pela Hydro Paragominas. As espécies usadas na recuperação das áreas são referenciadas no inventário feito pela empresa, antes da extração do minério, com aproximadamente 50 espécies adaptáveis à realidade da região. Dentre as espécies, já foram plantados ipê amarelo, maçaranduba, jatobá, copaíba, ingá-de-macaco, sucuuba, paricá, fava bolota.

Amostras de plantas e insetos também são coletadas pelas equipes do projeto para avaliar o desenvolvimento destas espécies de acordo com a sazonalidade da fauna e da flora local. O atual grupo de pesquisa do projeto de DNA Ambiental do BRC conta com mais de 30 alunos de diferentes níveis e que estão constantemente integrando as equipes que vão a campo. De acordo com Jonathan Ready, é um projeto de grande porte: “Temos parcelas recuperadas com idades distintas e a empresa possui um registro de cada área, o que vai nos permitir monitorar alguns anos de recuperação e observar nossas amostras para ver quais apresentam diferenças significativas. No contexto nacional, acredito que nunca vi um projeto tão integrado em termos de respostas que podemos ter de recuperação de áreas que passaram por supressão vegetal.”

Pesquisa no meio aquático

O e-DNA permite a caracterização e o monitoramento da composição de espécies em ambientes de difícil coleta, como em rios, mares e baías. Por isso, a pesquisa também está coletando amostras dos igarapés da região: água, sedimentos, plâncton, conteúdo estomacal de peixes, entre outros. “A questão aquática sintetiza tudo que acontece na bacia acima, os frutos que caem na água são fonte de comida para os peixes, por exemplo. Então o meio hídrico reflete pra gente os impactos de uso na terra como a supressão vegetal, o reflorestamento, assoreamento, etc”, comenta a bióloga Silvia Britto, integrante da equipe com doutorado em Diversidade Animal (Zoologia) e mestrado em Genética, Biodiversidade e Conservação.

As amostras coletadas estão atualmente em sequenciamento genético, parte delas, inclusive, em laboratórios na Noruega com alunos que estão fazendo intercâmbio no país. “Essa é uma oportunidade excelente que o BRC permite aos alunos: essa internacionalização. A parceria é maravilhosa para isso, o conhecimento e a interação tem sido ótimo. Estou feliz que conseguimos montar uma equipe com representatividade, diversidade, e experiências nos mais diversos níveis: mestrado, doutorado e pós-doutorado. Moradores da região com a vivência amazônida e pessoas de fora também”, conclui Jonathan Ready.

Sobre o BRC

O Consórcio de Pesquisa em Biodiversidade Brasil-Noruega (BRC na sigla em inglês) é formado pela Universidade de Oslo, da Noruega, e seus parceiros brasileiros, Museu Paraense Emílio Goeldi, UFPA e Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), além da Hydro. Estabelecido em 2013, ele foi renovado por mais cinco anos em 2017.  

O consórcio mantém um programa de pesquisa conectado às operações de mineração da Hydro. O objetivo é investir na pesquisa para o fortalecimento das estratégias de conservação da fauna e da flora amazônica, além da geração de informações que subsidiem a melhoria dos processos de recuperação florestal das áreas mineradas de bauxita em Paragominas.  

O BRC já conta com 26 projetos aprovados e em andamento, engajando cerca de 220 pesquisadores de diferentes níveis acadêmicos e especialistas de diferentes grupos biológicos. A parceria gerou dezenas de produtos científicos (artigos, papers, dissertações de mestrado, entre outros), já resultou na descoberta de 3 novas espécies de fungos,1 nova espécie de vespa e 1 de percevejo, além de 2 prêmios nacionais (ABAL e SOBRE) e 1 internacional (ICSOBA).

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