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A professora e coordenadora pedagógica Vanessa Melo, do município paraense de Acará, conta que uma vez teve um aluno que dormia durante a aula. Ao invés de simplesmente chamar a atenção dele, ela decidiu investigar a fundo o que causava aquilo. “Então, eu soube que ele trabalhava durante a noite e que viajava de ônibus para ir para a aula. Depois disso, passei a deixá-lo dormir e quando ele acordava fazia a atividade. Meu aluno aprendeu a ler e se formou. Até hoje, ele me agradece. A gente precisa dessa busca da realidade, das raízes do estudante”, conta.

Vanessa está participando do ciclo 2024 da formação da rede Synapse, uma tecnologia social que conta com ferramentas e conteúdos que respeitam as particularidades de cada região do país e uma maior contextualização do cenário dos alunos para facilitar o aprendizado. O Synapse está voltado à melhoria do ensino e do aprendizado de português e matemática no ciclo de alfabetização alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), construído para ser eficaz em regiões vulneráveis e de extrema pobreza. 

“A metodologia Synapse é baseada na neuroeducação, tem foco no dia a dia, nos saberes e na experiência prática dos professores em sala de aula. Então unimos a base científica a essa sabedoria dos profissionais para que eles possam implementar um método que de fato faça sentido para ele e para a sua comunidade, dentro daquele contexto”, comenta Yago Reis, diretor executivo da Rede Synapse.

Este é o segundo ciclo do projeto, que iniciou em 2023 por meio de uma parceria da Hydro com o grupo Lorinvest e o Movimento Bem Maior e tem previsão de passar ainda por Tomé-Açu e Moju. “A Hydro possui o desafio de capacitar mais de 500 mil pessoas nos territórios onde ela atua e essa parceria é estratégica nesse sentido. Esta é uma grande oportunidade de contribuir para o desenvolvimento territorial conjunto na região com foco na educação, esperamos começar o trabalho nos próximos municípios assim que possível”, comenta Eduardo Figueiredo, Diretor de Sustentabilidade e Impacto Social da Hydro.

O projeto foi selecionado em um edital de matchfunding do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2021 e tem execução do Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI). No ano passado, 91,5% dos professores inscritos na formação concluíram o curso no município e três deles aceitaram ser reaplicadores da metodologia e repassar o conhecimento para outros educadores da região.

“Eu espero somar esse conhecimento aos meus métodos e me atualizar com novas possibilidades para a sala de aula. O Synapse é uma metodologia inovadora e que com certeza contribuirá muito para o nosso processo de ensino e para a aprendizagem dos alunos acaraenses”, explica o professor Eduardo Silva, que está participando pela primeira vez da formação.

A previsão de conclusão das duas turmas que iniciaram em 2024 é para setembro. “O sonho de todo professor é ver a sua comunidade educada, aprendendo cada vez mais. Não é o prédio, a sala, a cadeira, os móveis: é cada pessoa que está ali se transformando e você estar ali contribuindo para aquilo e colocando um pouco de conhecimento na vida dele, sendo um ponto de referência para aquele estudante”, conclui Vanessa.

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